18 agosto, 2011

O BEM QUE FALTA...

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Em uma conhecida passagem do Evangelho, Jesus afirma que o homem vê mais fácil um cisco no olho do irmão do que uma trave no próprio olho. 
Trata-se de uma velha fissura da humanidade, consistente na hipocrisia. Só se vê os defeitos dos outros... 
A criatura tende a desculpar em seu comportamento o que critica no agir do semelhante, mas se esquece de olhar para o seu interior, nos momentos cruciais do dia a dia....
Contudo, no estudo do aperfeiçoamento da conduta e do caráter, o homem deve começar por vigiar a si próprio, no que diz e no que faz. 
Ele precisa corrigir-se em tudo aquilo que lhe desagrada no semelhante. 
Muitos pregam contra os desperdícios dos administradores públicos, com muitos bla bla bla´s... 
Entretanto, dentro da própria casa, instalam-se o desleixo entre as paredes domésticas de forma exagerada. 
É como se acreditassem ser destinados a atravessar a existência em uma carruagem de luxo, sobre lixo dourado. 
Enquanto isso, muitos padecem de fome e de frio. 
Outros criticam as autoridades, afirmando que são os carrascos do povo. 
Mas, no recesso do próprio lar, esses críticos tiranizam os seus modestos auxiliares e entes queridos.... 
Há os que amaldiçoam a guerra e todos que a promovem. 
Contudo, no ambiente familiar, são truculentos iguais as feras selvagens. 
Incontáveis homens apregoam a necessidade da pena de morte para os que enlouqueceram na delinqüência. 
Mas eles mesmos, perante pais, amigos e irmãos, manejam o punhal invisível da ingratidão, da falta de fraternidade....
Muitos lideram primorosas campanhas de socorro à infância desprotegida. 
Ainda assim, enxotam, sem piedade, o primeiro menino infortunado que lhes roga auxílio. 
Há quem se orgulhe de sua inteligência e cultura e se diga incomodado com a ignorância alheia. 
No entanto, não se lembra de ensinar a quem ainda ignora as primeiras letras. 
Vários dominam os intrincados ensinos da filosofia e são capazes de falar com brilho sobre ética e virtude. 
Entretanto, encastelam-se no conforto individual, afirmando que a caridade é fábrica de preguiça. 
Outros ensinam com sabedoria sobre bondade e simpatia. 
Mas se movimentam, em seus recintos privados, entre melindres e aversões. 

Não há nada de errado em refletir sobre equívocos, em saber, em falar e em ensinar. 
Ocorre ser necessário conjugar reflexão, sentimento, palavras e atos, a fim de que o bem se faça pleno

Quem consegue identificar o equívoco alheio também consegue perceber a própria realidade, desde que deseje. 
Ninguém se torna sublime em um instante, mas é preciso tentar com sinceridade. 
Primeiro, silenciar em si o vício de criticar gratuitamente o semelhante. 
Segundo, retificar os próprios sentimentos e disciplinar os pensamentos. 
Por fim, habituar-se a fazer todo o bem possível, sem esperar aplausos. 
Para que você se pacifique, o bem que lhe falta não reside na conduta dos semelhantes
O que o há de pacificar e conduzir à plenitude é o bem que você pode fazer, com os recursos que já possui, e eles podem ser melhorados e muito... 
Pense nisso.

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