12 novembro, 2013

Ah!... O abraço...




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Vem de lá e me da aquele abraço... 
Ah! o abraço apertado, cheio de sentimentos, de calor, de ternura, de carinho, de saudade...
Sentir o nosso coração ao mesmo tempo que o de alguém a quem damos um abraço faz-nos de tal maneira bem à saúde, traz-nos uma tal paz, que até existe uma forma de tratamento chamada Terapia do Abraço.
Um bom abraço ajuda-nos a sentir as muitas dimensões do amor: a facilidade para receber e dar, a sensibilidade para o sofrimento, a disponibilidade para a alegria de se divertir e a profundidade da ternura.
Abraçar alguém é como dizer-lhe: 
"Olha, aqui estou para o que quiseres, de coraçãoaberto para ti". 
O que implica aceitar ser rejeitado. 
Mal interpretado. 
Correr esse risco.
No entanto, só se a atitude interior, o pano de fundo a partir do qual nos relacionamos com os outros, for de lhes estender os braços e de os tocar, poderemos descobrir o valor da partilha.
Não são só as pessoas solitárias, infelizes, inseguras, que precisam ser abraçadas. 
Abraçar bem dá-nos saúde. 
Mas não se trata de abraços sociais, de conveniência, em que duas pessoas se tocam apenas por fora – portanto não se tocam -, nem de abraços de dois amantes apaixonados que um ao outro se agarram.
São abraços que acontecem porque saem cá de dentro sem que os travemos. 
Como expressão de um amor incondicional que nos habita – e de que não temos medo, porque o olhamos como algo que verdadeiramente nos liberta.
A intimidade que um abraço sincero oferece é a da compreensão. 
Da atenção. 
Da solidariedade. 
Da amizade que existe para lá da exaltação dos sentidos, apenas por ter a consistência daquilo que brota do fundo de nós mesmos e que se mantém quer faça sol quer chova.
Abraços são uma espécie de foguetes capazes de fazer despertar moribundos ou fazer levantar da cama preguiçosos. 
Explosões de vida. 
Há quem goste de os dar para reafirmar um vínculo de amizade ou qualquer outro sentimento. 
E são uma das melhores festas gratuitas a que toda a gente tem acesso. 
São abraços do fundo do coração, frequentes entre duas pessoas que, por nada pedirem uma à outra, de cada vez que se encontram recebem sempre muito – e apenas por isso são levadas
 a celebrá-lo.
Quando um coração se abre para outro coração, há quase sempre uma qualquer maravilha que pode acontecer em um abraço. Uma festa de sentimentos, ou uma sensação de paz possível, ou de explosão, ou de um terremoto, que neste mundo cheio de guerras em que vivemos se faz mais necessário mais e mais um abraço... Ah! e ai... Me dá um abraço?!...



Como se mede uma pessoa?...

Como se mede uma pessoa








“Os tamanhos variam conforme
o grau de desenvolvimento:
Ela é grande pra você quando
 fala do que leu e viveu, quando
 trata você com carinho e 
respeito, quando olha nos olhos
 e seu sorriso é destravado.
É pequena pra você quando só
 pensa em si mesma, quando
 se comporta de uma maneira
 pouco gentil, quando
 fracassa justamente no 
momento em que teria que
 demonstrar o que há de mais
 importante entre duas pessoas:
 "a amizade".
Uma pessoa é gigante pra você
 quando se interessa pela sua
 vida, quando busca alternativas
 para o seu crescimento, quando
 sonha junto. É pequena 
quando desvia do assunto.
Uma pessoa é grande quando
 perdoa, quando compreende,
 quando se coloca no lugar do
 outro, quando age não de
 acordo com o que esperam
 dela, mas de acordo com o que
 espera de si mesma.
Uma pessoa é pequena quando
 se deixa reger por 
comportamentos clichês.
Uma mesma pessoa pode
 aparentar grandeza ou miudeza
 dentro de um relacionamento,
 pode crescer ou decrescer num
 espaço de poucas semanas:
 ‘será ela que mudou ou será
 que o amor é traiçoeiro nas
 suas medições?’
Uma decepção pode diminuir
 o tamanho de um amor que 
parecia ser grande.Uma ausência
 pode aumentar o tamanho de um 
amor que parecia ser bem
 pequeno.
É difícil conviver com esta
 elasticidade: as pessoas se
 agigantam e se encolhem aos
 nossos olhos. Nosso julgamento
 é feito não através de
 centímetros e metros, mas
 de ações e reações, de 
expectativas e frustrações.
Uma pessoa é única ao 
estender a mão; ao
 recolhê-la, inesperadamente,
 se torna mais uma.
O egoísmo unifica os 
insignificantes.
Não é altura, nem o peso,
 nem os músculos que
 tornam uma pessoa grande.
 É a sua sensibilidade sem
 tamanho.

04 agosto, 2013

O frágil milagre da vida...





















Mais um ano que se vai, mais um verão, mais uma primavera, e todos aqueles percausos naturais da vida. 
Um dia chove, outro dia faz calor, um dia tem água, outro dia nem isso. Aquela gripe que chegou, a perda de uma pessoa querida, e as vezes um emaranhado de tudo isso junto. E a vida continua com mais desastres, alagamentos, prejuízos quilométricos e, o mais grave de tudo, muito mais vidas perdidas. 
E então veio uma sutil esperança de algo bom com a visita do Papa. A Fé renovada. Mas também nunca houve tantos governantes corruptos, o povo acordando de uma anestesia com as passeatas, cobrando todo um prejuízo incalculável para a população que anseia por mudanças positivas no nosso cotidiano. E toda essa tragédia desfilada aos nossos olhos pela TV me faz pensar, mais angustiadamente, na nossa vulnerabilidade. 
Não se morre só de câncer ou cólera, infarto do miocárdio ou meningite. Cada dia mais vale a máxima que eu sempre ouvi das minha mãe - "pra morrer, basta estar vivo". E você pode estar em casa, sentindo-se abrigado, protegido, a salvo. Nada. Não sei se levo muito a sério a outra máxima da minha mãe, a de que "quando chega a hora, não tem jeito", mas é terrível pensar que somos assim tão perecíveis, tão insignificantes, diante da enormidade e implacabilidade da natureza e dessa suposta "hora que chega". 
Pensei também no famoso título do Kundera, "A insustentável leveza do ser", já que embora o romance não trate necessariamente dessa fragilidade, os adjetivos "leve" e "insustentável" servem perfeitamente a esse sentimento. E o que eu mais penso agora, que há um sentimento crescendo dentro de mim, é que essa necessidade de proteção instintiva é, ao mesmo tempo, o céu e o inferno do fato de ser sermos protetores de quem amamos, pela nossa consciência de um olhar mais cuidadoso com os nossos filhos e pais. Só depois de um periodo de perdas, de amores que se foram, é que começamos a dar conta da veracidade de uma frase que antes parecia meio cafona: "a vida é um milagre". Mas por que tem que ser um milagre assim tão efêmero? No fundo, nós sempre soubemos dessa fragilidade, e que ela bate a porta de todos. Se um dia eu pudesse acabar com uma dor humana, eu cessaria a dor dos pais que perdem seus filhos. Não deve haver nenhuma pior, afinal, pra todas as outras tem morfina. 
Sei que esse texto tá pessimista demais pra um começo de ciclo, mas não é assim tão grave. Por mais inútil que nos pareça, principalmente diante de grandes catástrofes, vamos seguir tentando evitar o cigarro, as gorduras trans e o colesterol, vamos continuar trabalhando por mais conforto, habitações seguras e férias na praia, vamos fazer de tudo para que nossos filhos cresçam saudáveis e inteligentes, vamos nos solidarizar com as dores alheias de perto ou de longe, enfim vamos continuar lutando pela vida, por esse milagre tão fugaz, tão trivial e tão incrível que é nascer e continuar a estar vivo. 
Vamos dizer mais eu te amo, me desculpe, obrigado, bom dia, volte sempre, sinta-se em casa, vamos sorrir mais, vamos ter atitudes fraternas, em fim fazer da sua vida algo de bom que deixe na lembrança de quem fica, uma saudade enorme de boa, de brotar lágrimas nos olhos, de tão bom que foi estar entre pessoas que somaram em nossas vidas.

10 novembro, 2012

O importante não é ser perfeita, mas ser feliz.
















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Eu não sirvo de exemplo para nada, mas se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes.
Sou a Miss Imperfeita, muito prazer.
A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado,  decido o cardápio
das refeições, cuido dos filhos, marido, telefono sempre para minha mãe, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos e ainda faço as unhas e depilação! 
E, entre uma coisa e outra, leio livros. 
Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic. 
Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres. 
Primeiro: a dizer NÃO. 
Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO.

Culpa por nada, aliás. 
Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero.

Pois inclua na sua lista a Culpa Zero. 
Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros. 
Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa:

tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante
as madrugadas e mamasse direitinho. 
Você não é Nossa Senhora. 
Você é, humildemente, uma mulher. 
E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante.

Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável.
É ter tempo. 
Tempo para fazer nada. 
Tempo para fazer tudo. 
Tempo para dançar sozinha na sala. 
Tempo para bisbilhotar uma loja de discos. 
Tempo para sumir dois dias com seu amor. 
Três dias. 
Cinco dias! 
Tempo para uma massagem. 
Tempo para ver a novela.

Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza. 
Tempo para fazer um trabalho voluntário. 
Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto. 
Tempo para conhecer outras pessoas. 
Voltar a estudar. 
Para engravidar. 
Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado. 
Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser

perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir. 
Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal. 
Existir, a que será que se destina? 
Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra. 
A mulher moderna anda muito antiga.

Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada.
Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.. 
Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.

Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo! 
Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente. 

Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre
para ir e vir.
Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana
para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela. 
Desacelerar tem um custo.

Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado
pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C. 
Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores. 
E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante.

30 outubro, 2012

A Complicada Arte de Ver....












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Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões _é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto."
Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver".
Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.
William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo. Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.
Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada "satori", a abertura do "terceiro olho". Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram".
Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, "seus olhos se abriram". Vinícius de Moraes adota o mesmo mote em "Operário em Construção": "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção".
A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas  - e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.
Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas".
Por isso - porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar "olhos vagabundos"...



12 julho, 2012

PREPARO E DESPREPARO..... JOVENS DE HOJE....


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Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. 
Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. 
Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. 
Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. 
E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. 
E não foi ensinada a criar a partir da dor. 
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. 
Uma geração que teve muito mais do que seus pais. 
Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade. 
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. 
Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste. 
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. 
Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes. 
Por que boa parte dessa nova geração é assim? 
Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. 
Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. 
E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. 
Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade. 
É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. 
Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? 
Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? 
Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?
Nossa classe média parece desprezar o esforço. 
Prefere a genialidade. 
O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. 
Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. 
Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor
Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. 
Este atesta a excelência dos genes de seus pais. 
Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer
De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. 
Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é umdireito. E a frustração um fracasso. 
Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. 
Expressão que logo muda para o emburramento. 
E o pior é que sofrem terrivelmente. 
Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. 
Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer
A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”?
É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. 
Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.
Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado?
Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude. Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. 
E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. 
Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa. 
Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? 
Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? 
Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir. 
Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. 
É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. 
E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.
O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. 
E, portanto, estão perdendo uma grande chance. 
Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. 
E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. 
E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.
Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. 
Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. 
Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. 
É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. 
Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande. 
Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. 
Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. 
Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. 
Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. 
É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito. 
Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. 
De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. 
O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. 
Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. 
E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. 
Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência. 
Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. 
Sim, a vida é insuficiente. 
Mas é o que temos. 
E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.

25 abril, 2012

O QUE ACONTECE NO CÉU QUANDO ORAMOS?


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Sonhei que fui pro céu e um anjo estava me mostrando o lugar.
Caminhávamos lado a lado por um "escritório" cheio de anjos. Meu anjo-da-guarda parou em frente à primeira seção e me disse: - Essa é a
seção dos Recebimentos. Aqui, todos os desejos pedidos a Deus em oração são recebidos."
Olhei ao redor e estava tudo muito movimentado, com muitos anjos selecionando pedidos em volumosas folhas de papel e recados de gente
do mundo todo.
E aí continuamos a descer por um longo corredor até chegarmos na segunda seção.
Então o anjo me disse: - Essa é a seção de Empacotamento e Entregas.
Aqui, as graças e bênçãos pedidas pelas pessoas são processadas e entregues aos que as pediram.
"Percebi como, novamente, o lugar estava. Havia muitos anjos trabalhando naquela seção, pois várias bênçãos tinham sido pedidas e estavam a ser empacotadas para a entrega na Terra.
Finalmente, bem distante, no fim daquele corredor paramos em frente a uma porta. Para minha surpresa, havia somente um anjo sentado ali, sem
fazer nada. - Essa é a seção do Reconhecimento, disse-me o anjo, admitindo isso, parecendo envergonhado.
- Como assim não há nenhum trabalho sendo desempenhado aqui?, perguntei.
- É mesmo muito triste", o anjo suspirou. Depois que recebem as bênçãos que pediram, muito poucos retornam para o reconhecimento.
- E como podemos reconhecer as bênçãos de Deus?, perguntei-lhe.
- Simples, o anjo respondeu. É só dizer, Obrigado Senhor.
- E quais bênçãos deveriam ser reconhecidas?, novamente perguntei.
- Se você tem comida em sua geladeira, roupas sobre você, um teto e uma cama para dormir você é mais rico do que 75% das pessoas desse mundo. Se você tem dinheiro no banco, na sua carteira e o troco de uma refeição, está entre os 8% de afortunados do mundo.
- E se você receber isso no seu próprio omputador, você faz parte do 1% do mundo que tem essa mesma oportunidade.
- Se acordou hoje com saúde, você é muito mais feliz que os muitos que não conseguirão nem ao menos sobreviver ao dia de hoje.
- Se nunca teve de provar o medo em uma guerra, a solidão da prisão, a agonia da tortura ou pontadas de fome no estômago, está acima de 700 milhões de pessoas nesse mundo.
- Se podes ir à Igreja sem temer assédio, prisão, tortura ou morte, você é mais privilegiado que três bilhões de pessoas no mundo todo.
- Se teus pais estão vivos e ainda vivem juntos, você é ainda mais raro.
- Se podes erguer sua cabeça e sorrir, estás entre poucos. Grande número de pessoas está mergulhada em dúvida e desespero.
- Está bem. E agora? Como posso começar?

Pode começar fazendo as coisas mais simples do dia a dia, como dizer: Obrigado, desculpe, por favor, bom dia....
Tentar olhar sem preconceito, com fraternidade, com carinho e amor...
Lembra!!! "Gentileza gera gentileza"...
Parece pouco, mas é tão dificil de se fazer isso na prática, que somente pessoas abençoadas e especiais, conseguem fazê-lo em sua plenitude. Portanto se conseguir, ou pelo menos tentar, já terá dado um grande passo neste caminho...
Tenha um grande dia.
ATENÇÃO: Departamento de Reconhecimento....
"Obrigado, Senhor, pela habilidade de compartilhar essa mensagem e me presentear com amigos com quem posso dividir esta bela lição.


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06 abril, 2012

O MUNDO DO FAZ DE CONTA....















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Recentemente uma professora que veio da Polônia para o Brasil, ainda muito jovem, dava uma palestra e, com muita lucidez trazia pontos muito importantes para a reflexão dos ouvintes...
"Em um primeiro momento eu vivi na infância, quando aprendi de meus pais que era preciso SER"...
"Ser honesta, ser digna, ser ética, ser respeitosa, ser amiga, ser leal"....
"Algumas décadas mais tarde, fui testemunha da fase do TER".
Era preciso "TER"...
Preciso ter boa aparência, ter dinheiro, ter status, ter coisas, ter, ter e ter...
Na atualidade estou presenciando a fase do "FAZ DE CONTA"...
Hoje, as pessoas fazem de conta que está tudo bem...
Pais fazem de conta que educam, professores fazem de conta que ensinam e alunos fazem de conta que aprendem.....
Profissionais fazem de conta que são competentes, governantes fazem de conta que se preocupam com o povo, e o povo faz de conta que acredita....
Pessoas fazem de conta que são honestas, Líderes religiosos fazem de conta que são representantes de Deus, e Fieis fazem de conta que têm fé....
Doentes fazem de conta que têm saúde, criminosos fazem de conta que são dignos e a justiça faz de conta que funciona e faz de conta que é imparcial....
Traficantes fazem de conta que são cidadões de bem, consumidores de drogas fazem de conta que não impulsionam este nefasto mercado do crime....
Pais fazem de conta que sabem que seus filhos usam drogas, que se prostituem, que estão se matando aos poucos, e os filhos fazem de conta que os pais sabem.
Corruptos fazem de conta que são idealistas e terroristas fazem de conta que são justiceiros....
E a maioria da população faz de conta que está tudo bem, e que não é da sua conta....
Mas uma coisa é certa: "Não podemos fazer de conta quando nos olhamos no espelho da própria consciência"...
Podemos até arranjar desculpas para explicar nosso faz de conta, mas não há como justificar....
Importante salientar, todavia, que essa representação no dia a dia, no faz de conta, causa prejuízo para aqueles que lançam mão deste tipo de comportamento....
A pessoa que age assim termina confundindo a si mesma e caindo num vazio, pois nem ela mesma sabe quem é, de fato, e acaba em uma frustração sem fim....
Raras são as pessoas realmente autênticas....
Por isso elas se destacam em seus ambientes....
São aquelas que não representam, apenas são o que são, sem fazer alarde disso....
São profissionais éticos e competentes, amigos leais, pais zelosos na educação dos filhos, políticos honestos, religiosos fieis aos ensinamentos que ministram....
São, em fim, pessoas especiais, descomplicadas, de atitudes simples e coerentes, e acima de tudo fieis consigo mesmas....
Pessoas assim são raras, mas existem. Na maioria das vezes são pessoas felizes....

O médico Dráuzio Varella nos ensina: " Se não quiser adoecer não viva de aparências"
Quem esconde a realidade, finge, faz pose, quer dar a impressão que está bem, quer mostra que é bonzinho, ser perfeito, etc... está acumulando toneladas de peso.... uma estátua de bronze, mas com os pés de barro. Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas. São pessoas com muito verniz e pouca raiz. Seu destino é a farmácia, o hospital e a dor...

Se é fácil enganar os outros, é impossível enganar a nós mesmos...
Afinal, não é aos outros que prestamos contas das nossas ações, e sim a nossa própria consciência, neste mundo de faz de contas....


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