09 março, 2009

MISSIONÁRIOS DO AMOR...


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Quando se fala em missionário, a primeira imagem que nos acode à mente é a de um religioso devotado ao bem.
Alguém que dedique seus dias e noites, de forma integral, para o bem dos seus irmãos, para a humanidade.
No entanto, missionários existem de diversos portes. E alguns muito próximos de nós.
Por vezes, pais amorosos que recebem nos braços filhos deficientes e os sustentam por toda uma vida, com seus cuidados e extremada ternura.
De outras, amigos excepcionais que estendem mãos de veludo para aplacar as dores dos espinhos nas carnes alheias.
Filhos dedicados que nascem para iluminar nossas vidas, à semelhança de astros luminíferos em nosso céu borrascoso.Recordamos de uma família que conhecemos.
O segundo filho do casal nasceu portador de séria enfermidade que, a pouco e pouco, lhe foi retirando a mobilidade.
Primeiro foi o andar impreciso, depois somente com amparo forte, até a imobilidade dos membros inferiores.
Da dificuldade de coordenação motora à dependência total para as mínimas necessidades: beber um copo d'água, levar o alimento à boca.
Enquanto o drama era vivido e sofrido pelos pais, a esposa engravidou pela terceira vez.
O diagnóstico nada animador prescrevia um abortamento, dadas as complicações cardíacas da gestante, além da possibilidade do bebê ser portador de microcefalia.
Estribado na fé, o casal aguardou o tempo.
O bebê nasceu perfeito.
Garoto feliz, demonstrou desde os primeiros momentos o quanto era grato por estar vivo.
Mais de uma vez, deixava dos folguedos para correr ao pescoço da mãe, abraçá-la e dizer: eu amo a minha vida, amo a minha casa, amo todos vocês.
A nota mais interessante começou a ser observada quando o pequeno não tinha mais que ano e meio.
Colocava-se em pé em sua cadeirinha e com cuidado ajudava colocar na boca do irmão deficiente a alimentação.
Na sua linguagem infantil, pronunciava: eu judo o mano.
E na medida em que cresceu, a ajuda se tornou mais constante e efetiva.
Hoje, quase aos sete anos, o pequeno é o guardião do seu irmão.
Dormem no mesmo quarto, por insistência dele e, não são raras as madrugadas em que ele se levanta do leito, atravessa o corredor, se dirige ao quarto dos pais para pedir ajuda para o mano, que necessita alguma atenção maior.
Nenhuma queixa, nenhuma reclamação.
Deixa de brincar com os amigos para se dedicar ao irmão.
Busca água, conduz a cadeira de rodas, joga vídeo-game, assiste filmes, comenta futebol.
Dia desses, na sua inocência infantil, olhou para a mãe e lhe disse: Mãe, sabe por que eu nasci?
- e, ante a surpresa da genitora, aduziu: Eu nasci para cuidar do mano.
Missionários existem, sim, em nossos lares.
Anônimos, ocultos, realizam sua tarefa.
Missionário é todo aquele que se entrega em totalidade em tarefa de amor, na obscuridade da estrada ou nos palcos da ciência, da filosofia ou da religião.
Missionário é todo aquele que traz a consciência do seu dever de servir além e acima de qualquer circunstância.
Movido pelo amor, é qual chama ardente que não se extingue.
Sol de primeira grandeza que ilumina outras vidas, em barracos infectos ou em mansões suntuosas.
Sua missão é amar e servir.
Como a violeta escondida na ramagem do jardim, exala seu perfume e se esconde na capa humilde de servidor.
Quem ama, coroa as horas de luz.
Quem serve, adorna o coração de ventura imorredoura.
Saiamos na direção do sol para servir.

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